quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Me Use Para O Seu Pole Dance .




me use para o seu pole dance
tu sussurrou, e eu escutei do outro lado do atlântico, do outro lado do desejo:
me use para o seu pole dance.
se equilibre em mim, gire ao meu redor
mantenha os músculos do abdome firmes
enquanto me percorre.
me use para o seu pole dance, pequena
lap dance,
me use
me use como anne sexton usava os versos
para confissões de mulher
me use como o amor urgente de drummond
num chão qualquer
me use com os desejos de álvaro de campos
em fernando pessoa
me use como uma coreografia
a ser executada pela beyoncé.
me use para o seu pole dance
se esfregue, dance, rebole, me use para o seu pole dance!
passe as mãos pelo meu corpo
puxe os meus cabelos
agarre minha cintura:
treine em mim

me use para o seu pole dance

terça-feira, 13 de outubro de 2015

Oração.

O meu coração anda apertado
Com a incerteza de não te ter.
Lamento, profundamente, meus defeitos
Peço a Deus que toque teu coração
Que conforte tua mente
Que lhe encha de esperança
E que perceba que nosso amor vale o esforço

Que Deus toque seus olhos e te faça perceber
Que nosso amor merece a gente
Que temos uma vida para viver
E de nada adianta sofrermos separados.

quinta-feira, 8 de outubro de 2015

osmose.




Nem os lírios, num campo relvoso e verde
nem as profundezas do mar
o infinito do céu
o beija-flor e o mel
nada é tão belo
como tua face, 
os olhos, a boca
os cabelos, o riso
as mãos, os ombros
O que és senão paixão dilacerante
paixão sem antídoto
amor inevitável
inefável
Teu cheiro, tua pele
teu jeito, tua voz
o arrepio e o suor e o gemido
o pulsar dos corpos
o desejo impregnado n’alma
um grito, um eco de prazer
e nessa sinergia
és meu corpo e eu sou o teu.
Deus, muso inspirador:
seja luz em meio ao breu
seja minha vontade, meu querer
seja minha verdade
minha eternidade
Seja eu. Sou você.

quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Eu Preciso de Ti Sim.

Há umas horas atrás eu escrevi que não precisava de ti.  Mas como a capacidade de admitir que cometeu um erro é a virtude dos sábios, e a modéstia passa longe, eu admito: eu estava errada.
Eu preciso de ti sim.
Só perceba que precisar não significa ser dependente. Eu preciso comer figado – o que eu solenemente não faço desde 2013. Eu preciso beber mais água e comer menos fritura, tampouco faço nenhuma das duas coisas. A gente precisa do que nos faz bem, e eu preciso de ti.
Eu preciso de ti pra me acalmar quando eu estiver agitada, e pra me agitar quando eu estiver calma demais. Eu preciso ouvir a sua voz chateada com o mundo inteiro me falando, no telefone, “tô com saudade, quero te ver logo”, como se eu fosse um oásis no mar de problemas e chatices do mundo. Eu preciso de ti pra cuidar dos problemas que eu não tenho e invento, eu preciso de ti pra te fazer o frango com queijo e preciso de ti pra tu montar meu sanduíche. 


Eu preciso ouvir que tu quer que eu cuide de ti. Eu preciso da sua calma pra fazer ficar tudo bem um minuto depois de eu ter chorado por algo.



Eu preciso da sua mão no meu cabelo, mesmo sabendo tu sabendo que eu não gosto muito que passe a mão no meu cabelo. Eu preciso te ouvir dizer que gosta de mim, que me adora, que me ama porque eu sei o quanto significa pra ti dizer isso. Eu preciso de ti pra te dizer, escrever e cantar várias vezes por dia o quanto eu te amo, te adoro e te quero, porque eu sonhei tempo demais em te dizer essas coisas.  Eu preciso de ti dizendo que quer dormir na minha perna só pra ganhar carinho na cabeça. Eu preciso muito de ti dizendo que não quer fazer mais nada, só ficar comigo em casa ora transando, ora vendo futebol. Às vezes eu realmente preciso que nós não façamos nada e só fiquemos um com o outro transando e vendo futebol. . Eu preciso do seu afeto, do seu sorriso bobo quando tu passa horas falando apaixonadamente sobre música e só percebe depois que eu estava o tempo todo sorrindo, te achando lindo e admirando os seus conhecimentos. Aí, nessa hora, eu preciso do seu sorriso abaixando a cabeça e olhando de soslaio pra baixo.
Eu preciso das suas ideias aparentemente simples no minha vida, eu preciso do teu olhar pra melhorar o meu e eu preciso da sua reação de espanto quando eu elogio muito algum desenho, porque afinal a gente sabe que eu não sou a maior fã de animação do mundo. Eu preciso de ti pra tirar a minha vida monótona dos trilhos, pra me fazer começar a fazer um trabalho importante na véspera porque nós passamos cinco dias grudados fazendo maratona de algum seriado. Não dá pra resistir largar todo o dever pra ficar atirada contigo no sofá. 


Eu preciso do frio na barriga que antecede tu vindo me buscar no aeroporto. Eu preciso de ti pra me fazer voltar pro caminho, e pra me fazer perder o rumo quando o caminho está chato demais.Eu preciso de ti pra entender a minha essência, pra com a tua ajuda eu deixar de me preocupar só comigo. Eu preciso de ti pra acordar às quatro da manhã preocupada com o jeito torto que tu está dormindo no sofá, e te deixar lá dormindo torto só porque sei que isso te fará feliz.  Eu preciso que tu me chame pra avaliar teus projetos e pedir minha opinião mesmo quando eu acho que a tua opinião é tão superior a minha.
Eu não como fígado, não bebo água o suficiente, não levo agasalho quando tá frio. Não tirei a carteira de motorista, não escovo os dentes cinco vezes por dia, não bebo menos refrigerante. Eu não ando de bicicleta, e vejo TV de perto. Mas de ti, amor,  eu preciso de verdade. Mesmo tentando me obrigar a comer figado, a beber mais água, a andar de bicicleta e a levar o moletom por onde eu for. 
Eu preciso de ti sim. 

Eu Não Preciso de Ti.

Eu não preciso de ti. Eu preciso perder a barriga, preciso de um novo ferro de passar roupas e preciso mandar lavar dois edredons. Mas de ti, amor, eu não preciso. Talvez até eu precise me vestir melhor, usar um corte de cabelo mais moderno e comprar papel higiênico – está acabando só tem meio rolo. Mas definitivamente eu não preciso de ti. 
Mas eu te quero.
 Um diabético não deseja a insulina.  Eu não amo

meu remédio da anemia que eu tenho que tomar todos os dias. Mas eu preciso dele. E um diabético precisa da insulina. Ambos por não termos opção. Eu não preciso que tu me entenda como ninguém nunca me entendeu,  nem que tu me coma da forma mais foda que ninguém nunca comeu, nem que tu me acalme como tu sempre faz. Eu não preciso dessa conexão incrível que jamais tive com alguém e muito menos preciso do seu pescoço que eu me penduro toda vez que te abraço, como se eu fosse a tua esposa e tu um soldado que passou dez anos em uma guerra do outro lado do mundo. Mas eu quero que tu me entenda, me coma, me acalme e me dê o pescoço desse jeito. Sempre.

Eu não preciso conversar contigo por horas todos os dias, nem colocar tua cabeça no meu colo pra te dar cafuné . Tampouco preciso ouvir tu falar apaixonadamente sobre o Lanterna Verde por horas e horas. Mas conversar com contigo, te dar cafuné e ouvir tu falar – lindo! – sobre o Hal Jordan por horas a fio é o que eu mais quero nesse momento e pra vida toda. Não por necessidade, porque se fosse isso, não importaria o que eu sinto, seria somente algo que eu preciso. Eu poderia, hoje por exemplo, ficar em casa, sem fazer nada. Mas eu preferiria sair pra andar de mãos dadas contigo. A minha vida sem ti não seria impossível, por exemplo,  eu não ia morrer ( apenas ficar internada em um hospital com uma tristeza e inanição profunda)  nem virar um ermitã nas montanhas ( apenas virar a senhora triste e sozinha criadora de setenta e três gatos) . É que contigo a minha vida é muito mais divertida, meus dias são lotados de risadas e cor, meu corpo vive arrepiado de imaginar teu toque e meu coração o tempo todo está transbordando de gratidão.
O meu remédio para anemia tem quase o mesmo efeito que tu: me acalma, me deixa menos fraca, mais disposta e revigorada. Mas eu não queria ter que toma-lo. Já tu,amor, se pudesse eu tomaria tu de quatro em quatro horas, cinco vezes por dia, e o efeito seria sobremaneira melhor que qualquer remédio do mundo.

 O remédio não fica me farejando sempre que sente um cheiro diferente, nem fala com voz doce quando precisa me chamar atenção. Dizer que eu preciso de ti seria minimizar todo o bem que tu me faz. Seria como dizer que eu preciso de um remédio ou de camisas novas. Poder ser quem eu sou de verdade, sem ter que disfarçar nada nem esconder nem um pedacinho, poder admirar e respeitar tanto assim alguém é algo que eu nunca havia experimentado. E admito que é bem melhor do que eu imaginava que pudesse ser. E viver isso não é uma questão de necessidade. É uma questão de liberdade, de paz de espírito. A paz de espírito que tu me traz quando me faz carinho enquanto dirige e quando fala, ao final de toda mensagem: “Fica bem”. Não a paz de espírito que eu preciso. Mas a paz de espírito que eu quero. 
Assim como quero te quero. Muito e para sempre. 

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Um texto Engraçadinho Sobre Como os Problemas & as Infelicidades, São Reduzidas a Nada, quando Estamos Com quem Ilumina Nossas Vidas.



De madrugada o telefone tocou e era alguém procurando Ivete. Depois disso não consegui mais dormir direito, rolei na cama, tomei três copos d’água. Quando finalmente peguei no sono o despertador tocou, fui tentar caminhar em direção ao banheiro ainda de olhos fechados e bati com a cabeça na porta. Não achei meu chinelo, a resistência não funcionava, tomei banho frio. Roupa do varal não havia secado, vesti aquela calça jeans de quando eu tinha 15 anos, coloquei a blusa que estava em cima da cadeira. Essa era a que eu tinha separado pra lavar na noite anterior porque tinha uma mancha de molho na manga. Só notei quando já estava dentro do ônibus.
Cheguei no trabalho, tinha esquecido da reunião do projeto. Entrei na sala no meio, recebi aqueles olhares de reprovação, desabei numa cadeira. Joguei a bolsa pro lado, peguei o celular, bateria acabando. Tinha esquecido o carregador. Tentei me concentrar, em quinze minutos estava dormindo, quase caí pro lado. Fui acordado pela Soraya perguntando se eu queria acrescentar alguma coisa. Vaca. Bocejei, tentei manter os olhos abertos, não conseguia. Fiquei nessa pelas próximas 3 horas, enquanto falavam sobre um relatório que eu não conhecia, usando uns termos técnicos que eu não entendia. Pela janela eu via os aviões decolando no aeroporto. Dormi de novo. Me acordaram de novo.
Almocei sozinha porque meus amigos estavam viajando. No restaurante tinha fila e não achavam mesa pra um. Estava com fome. Pedi ao ponto, me trouxeram mal passado, pedi pra trocar me trouxeram queimado. Deixei pra lá. No caminho de volta pensei em tomar um sorvete e pedi uma casquinha de baunilha mas só tinha mista ou chocolate. Não gosto de sorvete de chocolate.
De tarde fui revisar um texto com um gerente. Ele me mandou, eu fiz uma versão, ele reclamou, mandei de novo, ele reclamou de novo. Fiz uma nova versão, ele disse que ainda precisava melhorar, reescrevi todo, ele disse que não tinha gostado. Mexi de novo, ele disse que ia reler. Duas horas depois me mandou um email dizendo que não precisava do texto. Nessa hora a internet caiu.
Me chamaram pra outra reunião e já era bem tarde. Sentei na sala e me perguntaram se eu podia fazer a ata. Eu disse que não, ia precisar sair cedo, tinha um vôo. Me disseram pra fazer a ata mesmo assim e eu acabei não conseguindo dizer não. Tinha dito que ia sair cedo mas mesmo assim, quando eu saí cedo, fizeram de novo o olhar de reprovação. Peguei a malinha, desci, fui procurar um táxi, vi que não tinha sacado dinheiro. Voltei pra ir ao banco.
No aeroporto me mandaram despachar a mala mesmo ela sendo pequena, me deram um aviso falso de cancelamento, o vôo atrasou mais de meia hora. Tinha fila no quiosque de pão de queijo, eu tinha esquecido de levar um livro, me ligaram do trabalho pra perguntar sobre um folheto.
Entrei no avião. Comprei janela mas tinha um cara sentado na minha poltrona, tive que pedir pra ele levantar, ele não quis, tive que discutir, ele foi embora xingando. Aeromoça derrubou coca-cola na minha calça e serviu um mix de castanhas que só tinha passas. Nunca gostei muito de passas. Senti aquela dor no ouvido quando o avião pousou. Minha mala era a última na esteira e tinha umas marcas estranhas do lado de fora.
O taxista disse que conhecia o teu endereço mas na verdade não conhecia. Ninguém dessa cidade sabe chegar ai na tua casa. Confundiu os bairros, pegou duas ruas pelas quais eu nunca tinha passado, parou num posto de gasolina pra pedir orientação. Orientaram errado. Demos mais duas voltas, falamos com policiais, perguntamos pro cara do gás. Chegamos na rua certa pelo lado errado e ele ainda me cobrou sessenta reais.
Desci na sua porta, tirei a mala do bagageiro, arrumei o cabelo com a mão e toquei seu interfone. Tentei dobrar a manga pra não aparecer a parte que tinha manchado com molho. Tu desceu de pijama verde, abriu a porta, e se curvou pra me beijar. Me deu um beijo e me perguntou se estava tudo bem, como meu dia estava sendo. E aí eu olhei para aquele seu sorriso e sem a menor necessidade de mentir consegui dizer que até ali estava tudo indo perfeitamente bem.

segunda-feira, 29 de junho de 2015

Encontrei uma cidade inteira entre suas pernas.
caos
confusão, 
e um intenso tráfego do que eu chamaria de paixão se não fosse tão doce na ponta da minha língua. 
Eu pude ouvir tu gemer 
enquanto eu desconstruía os edifícios que tu mesmo construiu 
pra ofuscar o infinito do teu céu.
 Eu pude ver tu revirar os olhos 
enquanto eu redesenhava as rodovias, 
mapeava campos e plantações inteiras de
 begônias e hibiscos no corpo pulsante que pra mim foi um
 deserto 
durante 
tanto
 tempo.
 Os meus muros pichados de porra sem vaidade, 
sem poesia, sem desejo;
 dedos que testemunharam apenas 3,5 graus na escala Richter.
 Eu poderia dizer apenas que adoro quando tu abre as pernas e empurra minha cabeça para que eu engula tu inteiro, 
mas com toda a ternura e delicadeza 
que esconde no gosto do teu
 pau,
 não consigo pensar em nada 
além
 de
 poesia.